A maternidade contada pelas trajetórias de três mulheres que enobrecem o conceito de coragem
15 de maio de 2023 - 08:29 ##SefazCE #DiadasMães
Sara Rebeca Aguiar - Texto
Thiago Mêdeiros - Arte Gráfica
Maternidade e coragem estão conectadas aos fluxos simbióticos da existência. Talvez, não haja mesmo a possibilidade de gestar, criar e formar sem, continuamente, expor-se a decisões arriscadas ou lançar-se a atos de bravura. Porque é preciso muito mais que vontade e corpo. Vai além de pieguismos. Ser mãe é, por si, um universo inteiro de funções e de sentimentos, mas que ainda precisa conviver com as rotinas de sobrevivência. O dia a dia fazendário é marcado por maternidades que ousaram ir além, pela conquista de espaços e pelo desafio de conciliação das pluralidades que circundam as maternidades.
Coragem para viver o imprevisível
A fuga de casa para viver um grande amor, aos 17 anos, já anunciou ao mundo a personalidade destemida e forte para lidar com os desafios da vida adulta. O primeiro deles chegou, pouco depois, aos 18 anos, com a chegada do primogênito. A mais velha de uma família de seis irmãs, a servidora Lélia Cardoso Bezerra, 60, que integra a equipe da Célula de Gestão de Sistemas (Ceges), conheceu cedo as imensidões da maternidade e logo incluiu o protocolo adulto de compromissos profissionais no dia a dia da família. Foi professora concursada, nos primeiros anos de vida dos três filhos, até ser aprovada no concurso da Secretaria da Fazenda (Sefaz-CE), em 1992.
Lélia conta que o primeiro ano na Sefaz foi o mais difícil, porque precisou conduzir uma dinâmica, que ela não esperava, de separação da família. “Minha família morava em Santana do Acaraú e eu fui lotada no Posto Fiscal [antigas Coletorias] da cidade de Ipueiras. Durante um tempo, eu trabalhava em Ipueiras, meu marido, na época, em Santana do Acaraú com as duas crianças menores, e meu filho mais velho estudava em Sobral. Não foi fácil”, narra Lélia.
A servidora diz que pôde reunir toda a família, novamente, somente após o primeiro ano, quando conseguiu transferência para Sobral, onde ficou até 2004, antes de vir, definitivamente, para Fortaleza. “Quando a gente está vivendo, parecem problemas intransponíveis, mas, hoje, eu vejo que tudo aconteceu no tempo certo. Foi muito importante ter vivido no interior, quando meus filhos ainda eram crianças. Morávamos em um sítio, criávamos cavalos. Eu ia deixar os meninos de charrete na escola. Eles iam de bicicleta também. Foi um tempo maravilhoso e a Sefaz me ajudou a criar meus filhos, a dar a eles tudo que eles precisavam para crescerem felizes, saudáveis”, relembra Lélia.
No caminho inverso, Lélia conta que a maternidade trouxe para a sua rotina fazendária a paciência, o amadurecimento diante das situações e a compreensão melhor das pessoas. É entre sorrisos que ela recorda a trajetória, até aqui, na Secretaria. “Houve outros momentos difíceis, por exemplo, quando meu filho mais velho foi pai, aos 19 anos. Não foi fácil. Mas sempre tive o apoio dos meus gestores da Sefaz. Eu acho que todo esforço valeu a pena. Se fosse pra eu começar tudo de novo, passar por tudo que eu passei, eu faria de novo. Eu me sinto realizada aqui, como mãe e profissional, desde o comecinho da minha carreira”, reflete Lélia, mãe de Wilton, 42, Leliane, 39 e Welton, 37.
Coragem para se (re)construir no amor dos filhos
O sonho de uma família estruturada e bem sucedida foi conquistado com muita obstinação e resiliência pela colaboradora da Célula de Consultorias e Normas (Cecom), Maria de Fátima Sousa, 57. Zeladora há quase três anos do setor, ‘Fatinha’, como é carinhosamente conhecida, já trabalhou como cozinheira, vendedora ambulante, faxineira e operadora da indústria têxtil, antes de ser contratada pela Secretaria, para conseguir sustentar os filhos.
Nas duas vezes em que a maternidade lhe chegou, enxergou-se como mãe solo. Fatinha assumiu sozinha o sustento e o cuidado com a família. “Não tive ajuda de familiares. Contava sempre com vizinhos bons, que olhavam meus filhos, quando eu estava trabalhando. Houve um tempo em que eu saía de casa às 4h da manhã e chegava só de noitinha, mas sempre fui uma mãe presente. Acompanhava mesmo as tarefas, as amizades.”
No decorrer da trajetória com os filhos, enfrentou doenças graves, mas, segundo ela, nunca perdeu o otimismo. “Eu sempre pensei positivo. Sou muito grata a Deus por tudo. Eu reconheço também todas as pessoas que me estenderam a mão e me ajudaram, quando eu mais precisei.”
Além de o filhos terem se tornado adultos responsáveis, trabalhadores, a colaboradora se orgulha da mãozinha do destino de, nos últimos anos, mantê-la por perto “das crianças”. A filha mais velha, Fabíola, de 32 anos, chegou na Sefaz, bem antes dela, ainda em 2007, como estagiária, e, atualmente, é administradora, colaboradora da Célula de Gestão de Terceirização (Ceget). O filho Rômulo, 27, entrou em 2018, é advogado, colaborador da Assessoria Tributária Interfederativa do ICMS (ASTIF).
“Hoje, eles são casados. Cada um tem sua casa. Acho bom trabalhar aqui com eles, mas é cada um no seu canto. Aqui, somos profissionais. Eu não misturo as coisas. Mas eu só queria dizer que eu sou muito feliz aqui. Vivemos muitos momentos difíceis, mas vencemos e somos realizados na Sefaz”, afirma Fatinha.
Coragem para conquistar uma maternidade fazendária
“A minha história como mãe se confunde com a minha história como servidora pública”. É dessa forma que a conselheira da 1ª Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos Tributários (CRT), do Contencioso Administrativo Tributário (Conat), Sabrina Guilhon, inicia nossa conversa.
Sabrina começou sua vida profissional na iniciativa privada. Depois de oito anos seguidos na mesma empresa, sentiu que lhe faltavam propósitos, apesar de já ser uma profissional muito reconhecida na empresa. Foi quando decidiu estudar para concurso, ao vislumbrar mais significado em sua atuação social, sendo servidora pública. À época, já casada, mas sem filhos, abandonou tudo para estudar. Sabrina conta que foi o sonho de tornar-se mãe o que mais lhe deu forças para dedicar-se a uma rotina intensa de estudos, sem lazer ou distrações, durante cerca de 1 ano e meio.
A recompensa veio com a aprovação no concurso da Sefaz, em 2007. Poucos dias depois da nomeação, ela soube que estava grávida. “Neste ano[2023], minha filha, Maria Clara, faz 15 anos. Comemoro a vida dela junto com a minha entrada na Sefaz. É a realização de dois grandes sonhos.”
A servidora conta que a Sefaz lhe deu a tranquilidade e a segurança que ela buscava não apenas para ser mãe, mas para cuidar da mãe dela. Durante um tempo, não ininterrupto, Sabrina precisou se ausentar para acompanhar o tratamento de câncer da mãe. “Eu dizia para mim mesma: ‘Vai passar. Vou voltar a trabalhar, regularmente, e a saúde da minha mãe vai se restabelecer’. E passou mesmo. Não tem como eu não ser grata à Sefaz. Todos os dias eu agradeço. E fico com vontade de ser uma profissional melhor todos os dias, tenho vontade de me doar mais e mais. A Sefaz me ajuda não só a ser mãe, mas a cuidar da maternidade que cuidou de mim”, emociona-se Sabrina.
Sabrina relata ainda que sempre fala aos filhos (Ela também é mãe do Artur, de 10 anos) sobre o valor que o trabalho tem no dia a dia e reforça com eles que, ao mesmo em que eles a tornam uma profissional melhor, a Secretaria também faz dela uma mulher mais completa para desfrutar a maternidade com eles. “Eu sempre digo a eles: ‘não é sobre dinheiro’. Sim, dinheiro é importante porque a gente precisa dele para se manter, mas é sobre ter um propósito na vida, sobre ter uma vida produtiva e feliz. Já pensou que chato seria vir para a Terra e ficar só de pernas para o ar? O trabalho nos torna melhores, principalmente, quando sabemos que o nosso trabalho ajuda tantas outras pessoas”.
A servidora enaltece ainda a alegria de viver na Sefaz em um tempo tão importante, em que mulheres fazendárias se destacam, mostram sua força e sua competência, à frente de tantas áreas impotantes do Fisco estadual. “Há um mito de que se você está dedicada ao seu trabalho, você vai deixar sua família largada, seus filhos vão ser criados só com babás. E o que eu vejo aqui é outra coisa. Mulheres que são super dedicadas aqui, que entregam muito e que também possuem famílias muito estruturadas. Eu acho que o segredo é essa troca. Eu recebo da Sefaz quando preciso. E dou muito quando está tudo bem comigo e com a minha família”.
Pelas histórias de coragem empreendidas pela Lélia, pela Fatinha e pela Sabrina, a Sefaz-CE homenageia todas as mulheres mães que fazem parte do dia a dia de trabalho da instituição e deseja que todas tenham um dia bonito com seus filhos. Que valham a pena e sejam cheios de alegria todos os Dias de Mãe!