Centro de Memória da Fazenda recebe programação da 17ª primavera dos museus

21 de setembro de 2023 - 14:54 #

Cássio Vasconcelos* - Texto

O momento oportunizou uma reflexão sobre o papel das instituições culturais na construção de uma sociedade mais justa

O Centro de Memória da Fazenda (CM), equipamento cultural ligado à Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz-CE), integrou nesta terça-feira (19/9) a programação da 17ª Primavera dos Museus. Com o objetivo de promover uma sociedade mais plural e inclusiva, o tema da edição deste ano foi “Memórias e Democracia: pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas”. O encontro, promovido nacionalmente pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), ocorreu no formato híbrido, com transmissão ao vivo pelo canal da Sefaz na plataforma YouTube.

Supervisora do Núcleo de Cidadania Fiscal (Nucif), área responsável pelo CM, Clarissa Barroso comentou sobre a importância de aliar as missões da educação tributária e da luta contra os preconceitos. “A cidadania fiscal deve também ser inclusiva, portanto, o tema deste ano vai totalmente ao encontro das políticas adotadas pelo CM de compromisso com a pluralidade. Ao abordá-lo, o CM busca ser um local acolhedor, tanto para as pessoas que o visitam, quanto para as que lhe venham prestar serviço como colaborador, independente de origem, crença, raça ou orientação sexual”.

A palestra foi ministrada por Kamylla Passos, doutora em Museologia, e contou com a mediação de Ana Paula Bezerra, doutora em História. O debate abordou sobre como as estruturas sociais privilegiam certos modos de vida, como os do patriarcado e os da branquitude, os elegendo como padrão normativo, enquanto exclui e marginaliza a diferença, tanto no plano simbólico quanto em suas implicações econômicas. Para exemplificar o conceito, a palestrante Kamylla Passos iniciou sua fala com um relato sobre experiências em outros museus, nas quais enfrentou resistência do público e das instituições ao discutir a temática LGBT+.

“Boa parte dos museus brasileiros são financiados pelos nossos impostos, tanto os da esfera municipal, federal como estadual. Impostos esses que também são pagos pelas pessoas LGBT+ […] Todas essas pessoas pagam impostos, arcam com suas contas, então os museus são financiados com o dinheiro das pessoas brancas, heterossexuais, ricas e, também, com o dinheiro das pessoas negras, pobres, lésbicas e trans”, comentou a palestrante, articulando o papel da educação fiscal na busca pela inclusão.

Panorama brasileiro

Conforme pesquisa da organização de mídia independente Gênero e Número, mais da metade (51%) das pessoas LGBT+ relatam já terem sofrido violência em razão de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a homofobia deve ser considerada como crime imprescritível e inafiançável, em conformidade à tipificação prevista na lei contra o racismo (nº 7.716/1989). “Há vários caminhos possíveis: um deles é o respeito”, conclui Kamylla.

O vídeo completo do encontro pode ser acessado no canal da Sefaz no YouTube, acesse aqui.

*Cássio Vasconcelos, estagiário sob supervisão das jornalistas Hannah Freitas e Sara Rebeca Aguiar.