Memória e preservação do patrimônio em debate na Sefaz

6 de setembro de 2019 - 18:28 # # # #

A Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz-CE) realizou, nesta sexta-feira (06/09), no auditório da sede III da instituição, o seminário Sefaz – Memória e Patrimônio. Os participantes refletiram sobre a importância da preservação da memória e do patrimônio histórico e cultural da Sefaz. Na ocasião, a secretária executiva da Receita da Sefaz-Ce, Liana Machado, e o secretário da Cultura do Estado, Fabiano Piúba, assinaram um convênio de cooperação técnica para revitalizar o Centro de Memória da Fazenda.

A secretária Liana Machado agradeceu o apoio da Secult e disse que a memória dá sentido à vida. “Como é bom resgatar valores antigos, lançar pontes. A gente precisa de arte, de cultura, principalmente no momento em que estamos vivendo. A cultura é o farol que brilha”, expressou.

O secretário Fabiano Piúba também enalteceu a parceria entre as duas pastas e destacou a importância histórica da Secretaria da Fazenda. “A Sefaz é uma das instituições mais antigas do Ceará. Esse patrimônio é um bem para a cidade, para o Estado. Faz parte da memória e da cultura do povo cearense“, afirmou.

O primeiro painel do seminário teve como tema “Memória e Patrimônio: Por que preservar?” e contou com a participação da arqueóloga do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Ceará (Iphan/CE), Cristiane Buco, e da diretora do Museu do Ceará, Carla Vieira. O servidor e autor do livro Sefaz: Tributo à História, Márcio Amorim, participou como moderador.

Márcio Amorim iniciou a conversa ressaltando que a reestruturação do Centro de Memória da Sefaz pode contribuir para reforçar a identidade do servidor fazendário. A arqueóloga do Iphan falou um pouco sobre o trabalho do instituto e sobre a legislação que protege o patrimônio cultural material e imaterial cearense. Ela mostrou sítios arqueológicos em Baturité e Sobral e disse que o engajamento da comunidade é fundamental para a conservação desses espaços, traçando um paralelo com o memorial da Sefaz, que precisará do envolvimento dos servidores.

Memória

A diretora do Museu do Ceará, Carla Vieira, pontuou que a memória não se vincula somente ao passado. “Um povo que não conhece seu passado está fadado a repetir erros. A memória é construída no presente e para o presente, para a construção de uma identidade. Ela interfere no que somos”, afirmou. Ela ressaltou que o resgate do patrimônio cultural da Sefaz é importante para que as atividades presentes e futuras possam ser desenvolvidas com uma maior propriedade.

O segundo painel abordou o valor da preservação, da conservação e do restauro. Sob a mediação da coordenadora da Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho (EAOTPS), Marley Uchôa; o restaurador, Frederico Barros, e a diretora do Sobrado Dr. José Lourenço, Germana Vitorino, discutiram o tema.

Marley Uchoa expôs o trabalho da Escola de Artes e Ofícios e passou informações sobre o Curso de Aperfeiçoamento em Conservação e Restauração de Bens Patrimoniais com foco na Técnica com Vitrais, que está sendo ofertado pela instituição e é voltado para o restauro do vitral da Secretaria da Fazenda.

 

Germana Vitorino contou um pouco da experiência à frente do Memorial da Cultura Cearense, espaço inaugurado, em 1997, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. A gestora relembrou o processo de pesquisa do acervo, de coleta de depoimentos orais e catalogação de mais de duas mil peças para as exposições. “Todo o acervo precisa ser documentado. Todo objeto tem que ter uma ficha técnica, pois um memorial é um centro de pesquisa”, destacou.

Conservação e Restauração

Integrante da equipe que restaurou o vitral da Sefaz em 1997, o arquiteto e restaurador Frederico Barros trouxe para o debate a distinção conceitual entre conservação e restauração. Ele explicou que, no processo de conservação, as intervenções no bem cultural são mais suaves, com o objetivo de preservá-lo, de retardar o desgaste. Ele citou como exemplo a higienização das peças e o controle da iluminação, umidade e temperatura, de modo que o objeto tenha uma ambiência favorável. Já a restauração, segundo ele, envolve um tratamento mais complexo, com intervenções que modificam a natureza química dos objetos a serem revitalizados.

Cidadania Fiscal

Com o tema “Cidadania Fiscal – Memória e Patrimônio”, o terceiro bloco tratou dos desafios da preservação da memória institucional. A coordenadora do programa de Educação Fiscal do Ceará (PEF-CE), Imaculada Vidal, debateu o assunto ao lado do presidente do Memorial da Assembleia Legislativa do Ceará (Malce), Osmar Diógenes; e da diretora da União dos Funcionários Fazendários do Estado do Ceará (Uffec), Isabel Pires.

Atuando como moderadora do painel, Isabel Pires reforçou a importância da revitalização do Centro de Memória da Fazenda. “A história do Ceará passa pela Sefaz”, afirmou. Ela questionou a debatedora Imaculada Vidal sobre como a educação fiscal poderia dialogar com o novo espaço. Em seguida, perguntou ao presidente do Malce, Osmar Diógenes, sobre as ações que poderiam ser desenvolvidas para despertar o interesse do público externo pelo memorial.

Imaculada Vidal falou um pouco sobre a trajetória do PEF-CE, que, em agosto, completou 21 anos. Ela disse que o programa tem buscado levar para a sociedade o debate em torno da cidadania e da tributação. “Pagamento de impostos. Esse é um assunto sobre o qual as pessoas não gostam de falar, mas é necessário”, completou.

A gestora relembrou que, anos atrás, eram feitas visitas guiadas ao memorial, que contava com a representação de uma coletoria (repartição pública onde a população pagava os impostos) da década de 1930-. “Tivemos durante um tempo, a experiência de levar os alunos para visitar o memorial. Lembro que eles adoravam tirar fotos segurando um telefone antigo. Isso despertava neles um interesse muito grande sobre a nossa história”, afirmou. Segundo ela, o novo Centro de Memória precisa ter recursos interativos que envolvam os jovens.

Partilha de experiências

O presidente do Memorial da AL e ex-deputado estadual, Osmar Diógenes, compartilhou a experiência de coordenar o equipamento que conta a história do Parlamento estadual. Ele informou que o espaço foi reinaugurado em 1997, com uma estrutura moderna e sofisticada, que inclui a utilização de cenografia e recursos multimídia.

“Deu muito trabalho a coleta de documentos para o Memorial. Somos guardiões daquilo que as famílias jogavam fora”, comentou. Diógenes definiu o memorial como um centro de cultura e de informação. “Um povo sem história nunca será uma nação. Temos o cuidado de resguardar a memória com carinho”, enfatizou o ex-deputado.

  

Germana Belchior, coordenadora da Assessoria de Relações Institucionais (Arins), área à qual o Centro de Memória está vinculado, ressaltou que é preciso desenvolver estratégias para uma maior sensibilização do público interno da Secretaria. Para ela, a realização do seminário é importante passo para alcançar esse engajamento. “Quem diria que, no auditório da Sefaz, pudéssemos reunir historiadores, restauradores, arqueólogos, museólogos, fazendários e educadores para refletir sobre memória e patrimônio e sua repercussão para a história fazendária? Esse momento é realmente emblemático e nos fazer perceber que, cada vez mais, precisamos pensar fora da caixa e dialogar com outras áreas e não apenas a fazendária”, afirmou

O último painel do seminário se dedicou ao tema “Memória Viva”. O servidor Jaime Cavalcante Filho compartilhou vivências com a diretora da Associação dos Aposentados Fazendários Estaduais do Ceará (Affec), Elenilda Santos, e com os aposentados Carlos Alberto Mendonça e Ivan Limaverde, idealizadores do Centro de Memória da Sefaz. Eles relembraram momentos marcantes da trajetória profissional.